quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

As ferramentas do Marketing aplicadas na União Fm 87,9

As ferramentas do Marketing em uma rádio de pequena cidade no interior de Minas Gerais: União Fm de São Tiago
A chamada “era de ouro do rádio” acabou há muitas décadas. Com a chegada da TV, nos anos 1950, o poder do rádio não foi mais o mesmo da época áurea da Rádio Nacional. Mas o rádio conseguiu sobreviver. Na última década, quem chegou para desafiar as mídias tradicionais é a internet, que ainda está em expansão e evolução, e ainda não foi totalmente compreendida por teóricos e estudiosos. Portanto, a sociedade vive uma fase de transformações culturais e na forma de se informarem e interagirem.
E os meios de comunicação tradicionais precisam se readequar a esse paradigma que está desafiando seus comunicadores e gerentes. As ferramentas de marketing são essenciais para enfrentar esse cenário, pois, com a diversidade e segmentação dos públicos, a mídia deixou de ser apenas uma “vitrine”, mas passou a necessitar de outros meios para atrair o público aos seus conteúdos.
Com a globalização, até a única emissora de rádio de uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, São Tiago - com cerca de 10 mil habitantes e que dista cerca de 200 km da capital do estado, Belo Horizonte – precisa reinventar sua linguagem e buscar um posicionamento no mercado em que está inserida, para não perder seu espaço.
A rádio União FM opera na frequência 87,9 e tem concessão de rádio comunitária, que possui muitas restrições na área de cobertura, na captação de recursos e nos conteúdos, se comparada a uma emissora comercial. A estação entrou no ar em janeiro de 2002, mas pode se dizer que viveu, até maio de 2006, o que o meio rádio viveu, em nível Brasil, até meados dos anos 90. Até 2006, São Tiago não tinha acesso à internet. Portanto, até então, os únicos meios de comunicação eram pequenos jornais impressos mensalmente, os alto-falantes da igreja católica e a rádio. Obviamente, não contando os sinais das grandes redes de TV que chegavam também.
Após essa fase inicial, chegou internet na cidade, o que facilitou o trabalho da emissora, mas propôs novos desafios, pois abria aos ouvintes a possibilidade de acesso à uma infinidade de conteúdos on-line, especialmente web-radios, além de permitir que a própria população criasse seus conteúdos e manifestasse opiniões em redes sociais e blogs.
Outros desafios surgiam também no campo das mídias tradicionais, com a criação de novas emissoras em cidades vizinhas, com grande potência para que seus sinais fossem captados na cidade. Destaque para a rádio IND FM, da cidade de Cláudio, que, focada em música sertaneja, atraiu grande quantidade de público.
Diante do exposto, o caminho que se abriu para a União Fm foi definir e consolidar um posicionamento muito próximo da comunidade, buscando refletir ao máximo a cultura e necessidade dos moradores da cidade. A principal ação foi investir no jornalismo local e comunitário, elemento que nenhuma outra emissora da região consegue fazer, pelo fato de não estar fisicamente na cidade.
Esse jornalismo precisa ser feito na velocidade inerente ao meio “rádio”, ou seja, priorizando o ao vivo, mas sempre com a preocupação de realizar uma boa apuração dos fatos, ouvindo os mais diversos elementos envolvidos, promovendo mais “debates” sobre o fato, do que simplesmente divulgar apenas “uma versão da realidade” de forma excessivamente rápida e superficial.
Portanto, a equação é estar sempre atenta à realidade da comunidade, buscando diversas óticas sobre os fatos da cidade e com o tempo necessário para organizar, na mente do público, o “caos” de informações que vivemos no mundo contemporâneo.  OLIVEIRA e GIORDANO (2002), explicam que a comunicação institui-se como uma instancia de mediação social. “É no campo midiático que os demais campos sociais buscam visibilidade para legitimar as suas ações”. Adriano Duarte Rodrigues (1990-2002) afirma que o discurso da mídia surge como forma de organizar o “caos” e, a partir de fragmentos do real, apresenta um mundo “pronto” para o indivíduo.
A utilização de ferramentas on-line, com a marca da emissora, contribui para esse trabalho, pois possibilita a utilização de recursos multimídia – fotos, vídeos, interatividade – além de permitir um reflexo quase instantâneo da reação do público em relação ao que vai ao ar, com críticas, comentários e opiniões, que normalmente são levadas em consideração de imediato no programa que está no ar ao vivo.  Thompson (1995) explica que com o predomínio da experiência midiática, a própria vida cotidiana é afetada, pois é possível reiterar de acontecimentos de todo o mundo. Porém, a comunicação de massa não pode ser vista numa perspectiva unilateral, pois o receptor também interage. Isso explica que a rádio precisa se pautar pelo que acontece nas ruas e nas redes sociais, conciliando com o poder de pautar a sociedade positivamente.
A comunicação rádio>ouvinte>rádio>sociedade>rádio é uma realidade que precisa ser utilizada e compreendida para que a programação tenha legitimidade e seja um retrato o mais aproximado possível da realidade. Dessa forma, consegue-se estar próximo da comunidade. E é preciso realmente buscar essa aproximação, fazendo uma programação que reflita a realidade, mas também destacando essa proximidade sempre, persuadindo e lembrando, para que as pessoas percebam e sintam de verdade que a rádio está lado a lado com a população, pois “o Marketing não é uma batalha de produtos, é uma batalha de percepção”, como indica uma das leis de Al Ries.
Outra possibilidade das ferramentas on-line é que permitem atingir parcela do público que, naquele momento, não ouve o rádio, sendo com a publicação simultânea no rádio e na web, com as alterações de linguagem exigidas para cada meio, ou sendo com a disponibilização dos conteúdos da rádio on-demand por meio de podcasts, o que mantem, de uma forma ou de outra, a penetração da marca. A rádio precisa estar atenta às manifestações da comunidade, especialmente nas redes sociais, inclusive se pautando nessas postagens, mas apurando com rigor, para que, mesmo diante da possibilidade de qualquer pessoa expressar suas opiniões na internet, a rádio mantenha a credibilidade - que é fundamental para a relevância dos conteúdos veiculados -  e eleve o tema a um patamar mais cauteloso e criterioso, abordando com o cuidado que, geralmente, não se tem em postagens em grupos de discussão.
Segundo OLIVEIRA, FERNANDES e MARTONI (2009), se por um lado as tecnologias digitais possibilitam novas formas de interação social, por outro, alertam que a internet pode gerar isolamento social e fragmentação. Por isso, a União Fm se atenta ao que “cai na rede”, mas busca formas de inserir - sem preconceitos, proselitismos ou discriminação - todas as classes e camadas da sociedade local, buscando integração, seja em maior ou menor intensidade, com todas elas.
Um pilar dessa estratégia é a programação musical, que busca sempre estar em consonância com o gosto do público alvo. Essa deve ser uma preocupação constante, pois, como o fluxo noticioso de uma pequena cidade não viabiliza uma emissora all-news, a música preenche boa parte da grade horária da estação. Para a elaboração da playlist, sempre preocupado com o pilar fundamental que é ser o mais reflexivo possível da realidade e cultura da comunidade, os principais critérios são: A pesquisa de canções que fizeram ou fazem sucesso em nível nacional ou regional, e que, naturalmente pela globalização, também são relevantes para o público local. A observância do que é reproduzido em festas e eventos na cidade, bem como a reação dos participantes dessas festas durante a execução de cada música. Também os pedidos diretos pelos canais de interatividade (telefone, facebook, site, e-mail, cartas, SMS e whats app) feitos pelos ouvintes. Também há a garantia de espaço na programação para músicas de artistas locais.
Outro fator a se levar em consideração é que a parte do público que prefere música sertaneja já tem a rádio IND como opção. Portanto, precisa-se priorizar a parcela do público que não gosta de sertanejo, pois priorizar um público que já é de outra emissora causaria o risco de desagradar o restante do target que não tem outra opção tão poderosa quanto a citada emissora. Ou seja, a potencialidade da IND é tocar música sertaneja, estilo popular no Brasil. E o ponto fraco da IND é apenas tocar música sertaneja, deixando todos os outros estilos de fora, que agradam tanto quem não gosta de sertanejo, quanto quem gosta de sertanejo e também de outros estilos. Além de a IND Fm também não ter conteúdos noticiosos focados no público são-tiaguense, justamente o que a União explora.
Essa estratégia vai de encontro com três das leis de marketing de Al Ries: a da categoria aponta que “se não puder ser o primeiro em uma categoria, estabeleça uma nova categoria em que seja o primeiro”. A dos Opostos define que “a estratégia de quem está almejando o segundo lugar é determinada pelo líder”. É exatamente o que foi feito. Em resumo, transmite-se o que a concorrente direta, que tem maior poder técnico, artístico e econômico, não transmite. E também vai de encontro com a lei da dualidade, em que “com o passar do tempo, todo mercado transforma-se em uma corrida de dois concorrentes”, e, realmente, hoje se percebe a dualidade IND x União, tendo a Estrada Real Fm, de Ouro Branco, como a terceira via.
Rádios que há anos atrás competiam pela audiência na cidade hoje tem baixíssimos índices de audiência, pelo que se percebe empiricamente, apenas observando, na pequena cidade, os rádios ligados. Hoje, antigas campeãs de audiência, como Colonial, Regional, Vertentes, Emboabas, Nossa e Sucesso, tem pouca expressão na cidade, pois a imensa maioria do público encontra os conteúdos interessantes a ele sintonizando a União Fm ou a IND Fm. Exceção para a Nossa Fm, que durante a transmissão do programa de um Padre famoso, com uma hora de duração, consegue bons índices de audiência.  
Mesmo diante desse cenário, e com um posicionamento de mercado diferente do adotado pela principal concorrente, também se adotam estratégias para atrair esse público que tende a ouvir a IND:
 Admitir os pontos negativos – área de cobertura reduzida, menos recursos técnicos, menos promoções com  artistas famosos e necessidade de ter uma programação eclética, para atingir os mais variados públicos possíveis. Com esse reconhecimento, a equipe é orientada a tratar a emissora como a “radinha”, um termo carinhoso, reconhecendo o seu tamanho comparado a concorrente, para poder mostrar que uma emissora grande não conseguiria estar tão próximo da realidade da comunidade.  
No início da emissora, suas limitações de recursos e técnicas criaram essa imagem de uma estação pequena, pobre, inferior às emissoras de outras cidades. E como em comunicação acontece a “exposição seletiva”, que explica que “é mais provável reforçar opiniões já existentes”, ir contra essa imagem seria muito difícil e demandaria que, realmente, deixasse de ser uma pequena emissora e investisse para se tornar grande. Como isso é impossível, a tática foi assumir as limitações e usá-las a favor, como sugere outra lei vencedora do marketing, de Al Ries, a da Sinceridade. “Quando admitimos um negativo, o cliente em perspectiva nos dá um positivo”.
Felizmente, a estratégia vem dando certo há alguns anos. O reflexo disso é ver que parcela do público ouve alguns programas de sucesso da IND, mas acaba também interagindo com a União FM, seja ouvindo os conteúdos noticiosos ou interagindo pelos meios on-line. Para segurar esse público, tem-se também a inserção de sucessos sertanejos, cuidando para não chegar a “extremos” desse segmento, que, como relatado, podem desagradar o público mais fiel. Outra tática é não ter horários fixos de notícias cotidianas. Divulga-se boletins periódicos durante o dia, mas sem aviso prévio, para que o ouvinte precise ouvir a emissora durante algumas horas para ter acesso às notícias. Para que, mesmo sem aviso, as notícias sejam ouvidas com atenção, a divulgação é sempre feita logo após os intervalos, ou seja, antes da programação musical, pois segundo Mauro Wolf (1987), há maior eficácia dos argumentos iniciais (efeito primacy). Coberturas especiais, ao vivo, debates e grandes acontecimentos são, sim, divulgados previamente, devido à importância de ser ouvido por maior parcela da comunidade.
A emissora busca ter em seu quadro de nove colaboradores fixos, pessoas de diferentes idades, sexos, formações e gostos pessoais, como forma de buscar a pluralidade do conteúdo da emissora e das ferramentas virtuais. Mas vai além disso. Essa diversidade faz com que a interação direta ouvinte-radialista atinja diversos nichos da comunidade, através do marketing direto e natural entre o membro da equipe (líderes de opinião) e os moradores da cidade. Isso reflete na interação global ouvinte-radialista-radio-comunidade. Os colaboradores acabam se tornando verdadeiros “embaixadores” da emissora.
Essa estratégia de manter colaboradores que interajam com diversas “tribos” sociais, fazendo marketing um-a-um (que, naturalmente, também, acontece entre ouvinte e ouvinte) é inspirada nos pressupostos básicos de THOMPSON (1998) sobre comunicação:
- 1: É um processo social, de interlocução. A comunicação só existe na medida em que os indivíduos estabelecem uma interação social.
- 2: A interação social pode ser face a face, mediada, ou a quase-interação (pois almeja-se que a rádio utilize todos esses três tipos de interação.
- 3: Para que a interação social ocorra, é preciso que os sujeitos compartilhem do mesmo universo cultural e que conheçam os códigos de pertencimento (isso acontece entre público e emissora, por conviverem na mesma cidade)
- 4: A comunicação é polissêmica – gera uma diversidade de interpretações na relação entre os interlocutores. (esse é o mais desafiador em uma rádio “eclética”, pois é preciso ter sempre em mente que, mesmo quando se fala apenas para uma fatia do público, as demais estão recebendo a comunicação e gerando interpretações para ela, o que pode levar a situações de mal-entendidos, em casos extremos)
Portanto, o grande potencial da emissora é estar inserida, literalmente, na vida da comunidade e, ao mesmo tempo, isolar o público como indivíduo, pois assim é possível identificar o que o torna diferente dos demais, conhecendo as necessidade, interesses e preferências exclusivas. E estar inserida na vida das pessoas da comunidade significa ter em mãos um dos quatro tipos de poder apontados por Michael Mann: O poder simbólico ou cultural, que nasce na atividade de produção, transmissão e recepção do significado das formas simbólicas. É o que Pierre Bourdieu chama de capital cultural . (Obs: Os outros poderes apontados por Mann são o econômico, político e o coercitivo).
Diante do quadro, é preciso usá-lo como potencial para o marketing: Assim, sempre se busca inserir esse conceito em todas as ações: “a rádio de São Tiago”. Tanto que muitas pessoas se referem a ela dessa forma. Esse fenômeno incide em duas leis de Al Ries: Foco e mente: A Uniao Fm é, hoje, a primeira rádio na mente da maior parte dos são-tiaguenses, seja ouvinte habitual ou não. Quando alguém fala “ligue na rádio”, “onde fica a rádio” ou “você ouviu tal notícia ou tal música na rádio”, o público se refere à União Fm. Isso é perceptível facilmente na cidade. Como “em Marketing, o mais poderoso conceito é representar uma palavra na mente” isso explica a dedicação ao termo “São Tiago”, nome da cidade, inspiração da programação e forma do público se referir à emissora. Percebe-se que as pessoas chamam muito mais a emissora de “a rádio de São Tiago”, do que de “Uniao Fm”.
Para não transformar o conceito em nome ou slogan, o que poderia se tornar clichê,  manteve-se o nome “União” e buscou-se um slogan que remete a essa ideia: “a rádio que tem o seu jeito de ser”, utilizando de uma linguagem moderna, descolada, para soar alegre e natural, ressaltando a ideia de ser um “reflexo” da comunidade. Essa função de ser um “espelho do real” faz parte da natureza da comunicação de massa bem sucedida, que é classificada por Adriano Duarte Rodrigues (1990-2002) como “função pecular”, que é o papel estratégico de composição e de consequente cimento homonegeizador da vida coletiva, ou seja, a mídia serve de “referencial de mundo”.
Conteúdos da cidade, prestação de serviço para a comunidade local, música relevantes a maior parcela e variedade possível de moradores são somados a outro fator. Os empresários apoiadores culturais (financiadores) da emissora tem o direito de divulgar, durante os intervalos da programação, as oportunidades e ofertas em suas empresas (lojas e prestadores de serviços, principalmente) para o público local, que acaba tendo a possibilidade de se informar sobre o que está disponível no mercado local. As outras emissoras de rádio, TV e sites, em sua maioria, divulgam produtos e serviços inacessíveis ao publico alvo da União Fm, por questão geográfica.
A emissora também pratica o marketing social, buscando atenuar os problemas sociais, apoiando práticas educacionais, abrindo espaço para discussão sobre temas importantes para a cidadania, como segurança pública, saúde, direitos das crianças e adolescentes. Busca-se valorizar as manifestações culturais locais. Também divulga avisos de utilidade pública gratuitamente, pois ações do tipo, além de contribuírem com a sociedade, são positivas para a imagem institucional da emissora.
A consolidação dos canais virtuais da União FM está sendo vital para a manutenção da relevância da emissora. O site possibilita interação com ouvintes, além de permitir a manutenção dos laços da cidade como ex-moradores e moradores ausentes, já que no endereço é possível ouvir a rádio em qualquer lugar do mundo que tenha acesso à internet. Outra evolução dessa possibilidade é que já está disponível o som on-line também em plataformas móveis (i-phone e android).
O facebook é a principal rede social do mundo, e a página “União Fm 87,9 São Tiago – MG” tem alta relevância, atingindo mais de 12% da população total do município, em quantidade de curtidas. Além das curtidas orgânicas, as postagens são compartilhadas e atingem até 10 mil pessoas em alguns casos. Além de conteúdos da emissora, uma tática que tem obtido êxito são promoções para eventos e shows na cidade e de artistas famosos em outras cidades, cuja exigência para concorrer é o ouvinte “curtir” a página e compartilhar uma imagem promocional da rádio na “timeline” pessoal dele.
É importante ressaltar que não são páginas com conteúdo diferente utilizando a marca “União”. Trata-se de novos canais da própria rádio. Portanto a ligação entre canais on-line e a emissora é direta, pois se não fosse dessa forma iria contra o que indica uma outra lei do marketing de Al Ries: Extensão de Linha: Há uma pressão irresistível para estender o patrimônio liquido da marca e, com isso, enfraquecê-la. Portanto se as páginas fossem transformadas em algo independente, provavelmente a marca seria enfraquecida.
O Facebook também é a principal ferramenta de comunicação interna entre a equipe. Existe um grupo secreto “Bastidores União Fm”, onde são feitas reuniões constantes, com trocas de informações e ideias, comunicados gerais, avisos, etc, entre os membros da equipe. Não é mais necessário esperar a próxima reunião para promover o intercambio entre os colaboradores, já que com essa ferramenta o debate sobre a rádio virou constante. Além disso, é possível usar a interação nesse sistema como algo motivador para a equipe como um todo.
Com o crescimento territorial da cidade dificultando a cobertura dos alto-falantes da igreja católica e o fim do único jornal impresso jornalístico da cidade, a rádio União FM se consolida como o principal meio de comunicação da cidade. As plataformas digitais com a marca da emissora se consolidam como o segundo principal veículo. Além disso, a rádio e os canais on-line atuam em parceria com as outras mídias da cidade (jornais e sites segmentados e institucionais, etc) para organizar as informações relevantes para a cidade nessas plataformas.
Para a emissora ser ouvida e acessada em meio a tantas opções de entretenimento e conteúdo, é preciso que a emissora seja “vista”. Por isso, também está presente em eventos da cidade, divulgando seu trabalho e sua marca por meio de banners ou com a presença da equipe na apresentação desses eventos. Existe, além disso, investimentos em camisas e adesivos, para que a marca sempre esteja em evidência.
Também atua em parceria com lanchonetes, bares e restaurantes para que a marca seja inserida em cardápios. É uma mídia muito eficiente, pois atinge o público alvo e visitantes da cidade (que poderão ouvir pela web) em um momento de descontração e alegria, em que os estímulos publicitários são mais facilmente absorvidos e assimilados de maneira positiva.
É importante ressaltar que a emissora é a única da cidade e já está há quase 13 anos buscando consolidar seu posicionamento. Portanto vem cada vez mais se firmando como marca forte e referência em comunicação na cidade, focando em um público que não pode ser atendido pela grande mídia, que são os moradores de uma pequena cidade em busca de informações locais que tenham identidade com a realidade comunitária.
Por ser a única, também é a primeira. Essa liderança dá uma vantagem frente a outras que possam vir à cidade no futuro. E a liderança é uma das leis vencedoras do marketing, de Al Ries, que aponta que “é melhor ser o primeiro do que ser o melhor”.
Para isso, é preciso que a emissora esteja atenta ao que acontece na rua em frente, nos mais relevantes aspectos da cidade e zona rural, mas em sintonia com o que acontece em nível regional, estadual, nacional e internacional, para poder inserir a comunidade nessa realidade, contextualizando o que acontece lá fora para o público.

Também precisa estar atenta às novas tendências da comunicação, para conseguir trazê-las com antecedência para a realidade local, se mostrando sempre estar na vanguarda, mas sem perder o foco no cotidiano e nas pessoas da comunidade, pois é, justamente, o foco que os outros veículos de comunicação não conseguem atingir.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

REPORTAGEM - JUDÔ EDUCACIONAL USA O ESPORTE PARA FORMAR CIDADÃOS (3`44``)

REPORTAGEM - JUDÔ EDUCACIONAL USA O ESPORTE PARA FORMAR CIDADÃOS (3`44``)

Outro texto escrito por mim e publicado no portal Tudo Rádio http://www.tudoradio.com/noticias.php?noticia=4034

Vertentes FM muda de frequência em Minas Gerais

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São João Del Rei – Emissora teve aumento de potência e cobre com mais qualidade sua região
Vertentes FM 98.1 de São João Del Rei, cidade histórica no interior de Minas Gerais, está na nova frequência desde ontem. Anteriormente, a emissora era sintonizada em FM 97.7, canal que ocupava há 15 anos.
A mudança de frequência se deu devido ao aumento em sua potência irradiada. A emissora passou a transmitir com 10kw, cobrindo com muito mais eficiência a região conhecida como Circuito dos Inconfidentes.
De acordo com as informações, em breve a emissora também deve se mudar para uma nova sede, no centro da cidade. A direção da emissora já está instalando novos equipamentos e um moderno estúdio. O prédio abriga também a rádio São João del-Rei AM 970 e o jornal Gazeta de São João del-Rei, empresas que pertencem ao mesmo grupo.

Meu texto publicado no portal Tudo Rádio http://www.tudoradio.com/noticias.php?noticia=4391

Emissoras de São João del Rei estreiam nova sede

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As rádios Vertentes FM 98.1 e São João Del Rei AM 970, de São João Del Rei, cidade histórica no interior de Minas Gerais, estão em novo endereço. Elas passam a operar em novos estúdios no centro da cidade, montados com tecnologia de última geração que possibilitam mais qualidade nos programas e novos conteúdos no ar.
Junto às rádios, também está a redação do jornal semanal Gazeta de São JoãoDel Rei, outra empresa do grupo. A mudança foi gradual, sendo que a Vertentes e o impresso transferiram suas operações na sexta-feira, dia 24, e a emissora AM passou a ocupar os novos estúdios na quarta-feira seguinte, dia 29.
Na nova sede, os profissionais têm mais conforto no trabalho e as emissoras ficam mais próximas dos clientes e ouvintes. Antes da mudança, a Vertentes tinha seus estúdios instalados no Morro do Cristo, junto ao seu transmissor, em um bairro distante do centro comercial. A São João Del Rei AM e o jornal já estavam no centro, porém em prédio alugado. A união das empresas fisicamente também facilita a administração.
Segundo a diretora das empresas, Juliane Menezes Machado, o novo prédio de quatro andares é, na verdade, um casarão em estilo colonial que foi completamente restaurado e reformado. A escolha se deve ao desejo de que a sede das emissoras tenha a cara da cidade histórica mineira. "Além das melhorias para as rádios, a empresa preserva o patrimônio histórico local", afirma.
Os próximos projetos são investir em novidades na programação e na plástica das rádios e adquirir uma unidade móvel para externas. Em julho, o Tudo Rádio.com noticiou que a Vertentes FM dobrou sua potência para 10 quilowatts e deixou sua antiga frequência, (FM 97.7), migrando para os atuais 98.1 FM . A rádio São João Del Rei 970 AM é uma das mais antigas de Minas, no ar há 63 anos. Atualmente, ela faz parte da Rede Itatiaia.
O novo endereço dos veículos de mídia é Rua Resende Costa, 144, centro, área conhecida como Largo da Cruz. No entanto, a entrada de atendimento ao ouvinte da radio AM fica na rua ao lado, a Rua Santa Tereza, 97. Mais informações sobre as rádios e sobre o jornal estão nos sites www.vertentes.fm.br,www.radiosaojoaodelrei.am.br e www.gazetadesaojoaodelrei.com.br.
Novidades no dial
São João Del Rei tem mais novidades previstas para seu mercado radiofônico. A Fundação Cultural Campos de Minas, controladora da TV Campos de Minas, afiliada à Rede Minas, teve liberado um canal de FM educativo, na frequência 95.3 FM, com potência prevista de três quilos. A Universidade Federal de São João Del Rei já trabalha na implantação de sua FM educativa, em 99.3. Também está liberada a frequência 104.3 FM para a Fundação Cultural Serra de São José, da cidade de Tiradentes, que fica a cerca de sete quilômetros de São João Del Rei. Ainda não há previsão para a estréia das emissoras.


Todos que querem ser presidente

Tiro no pé é como pode-se classificar a tentativa do PSDB de utilizar o caso da quebra do sigilo  fiscal de Verônica Serra, filha do candidato à presidência José Serra. Além de não gerar impacto eleitoral, aumentou a rejeição a José Serra e trouxe à tona as denúncias de que o escândalo foi provocado por pessoas ligadas ao seu colega de partido, o ex-governador mineiro, Aécio Neves.
A causa do fracasso do uso eleitoral do escândalo se deve a diversos fatores. O primeiro é que a população em massa sequer sabe o que é Declaração de Imposto de Renda. Segundo o Data Folha, apenas 57% dos eleitores tomaram conhecimento das denuncias. Desses, apenas 12% se consideram bem informados sobre o caso.
Os eleitores que podem ser afetados pelo escândalo são, pois, bem informados. Geralmente, eles procuram mais fontes sobre casos desse tipo e, por isso, descobriram que Serra já sabe da quebra de sigilo desde o ano passado. Ele teria guardado a denúncia esse tempo todo, para usar eleitoralmente. Isso fez a candidatura Tucana perder credibilidade, justamente perante quem se informou mais sobre o caso da Receita.
Para piorar a situação de Serra, surgiram as suspeitas de que a invasão das declarações da Receita teria sido encomendada pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior, então no jornal Estado de Minas. O jornal apóia Aécio Neves que, à época da quebra dos sigilos, estava disputando com Serra a vaga de candidato à presidência pelo PSDB. Ou seja, Dilma não teria culpa alguma, e sim um jornal ligado ao PSDB.
Também deve-se atentar ao fato de que não foi violado apenas o sigilo fiscal de Verônica Serra. Foram dezenas de declarações invadidas, inclusive da apresentadora da TV Globo, Ana Maria Braga. O resultado eleitoral é que a rejeição de Serra passou de cerca de 30% para 40% após o PSDB fazer tanto alvoroço com o caso. Outro dado relevante é que o invasor das declarações é um contador com amplo histórico de falcatruas Ele, inclusive, se diz eleitor de Serra. Ou seja, foi tiro no pé mesmo!

O escândalo das invasões da receita é muito grave sim, mas o uso eleitoral por Serra para atacar Dilma foi, se não um erro, um desespero. Além de não haver apelo eleitoral, inexistiam indícios de culpa da candidata Dilma. Para piorar a situação de Serra, a imprensa que, tradicionalmente, apóia o PSDB estava dividida. Folha de São Paulo e Veja condenam enfaticamente o PT, enquanto a Globo, a mais importante, teve, inteligentemente, mais cautela na cobertura.
Ficou evidente, também, a “apelação” com o caso, que lembrou o escândalo dos Aloprados, na eleição presidencial de 2006 (em que petistas teriam comprado um dossiê contra Tucanos). Na ocasião, usaram o caso e conseguiram levar o pleito para o segundo turno. Contudo, foi provado que Lula não teve envolvimento no caso e ele venceu a eleição.
Portanto, do escândalo da receita Dilma se saiu praticamente ilesa. Porém, o que abalou, de fato, a campanha de Dilma Rousseff à presidência foi o escândalo envolvendo a ex-ministra chefe da Casa Civil, Erenice Guerra. O interessante é observar que as pesquisas apontam que o caso não beneficiou em praticamente nada José Serra. Quem ganhou alguns milhares de votos após o escândalo foi a presidenciável pelo Partido Verde, Marina Silva.
O crescimento da candidatura de Marina Silva indica aos brigões Dilma e Serra que plantar escândalos na mídia não tem rendido votos. A solução mais plausível para José Serra virar o jogo e para Dilma segurar seus altos índices é apresentar propostas. Todos sabem o Lula que tem e, possivelmente, só propostas com elementos realmente novos ganharão votos. Projetos de governo. Isso sim pode dar votos. Quebra de sigilo fiscal de filha do Serra? Ah, isso não me afeta em nada...


Bruno Ribeiro

                                                                              Thayná Faria, Bruno Ribeiro e Gabriel Riceputi
Tatuagens, piercings, alargadores e escarificações são práticas de modificações corporais conhecidas também como body art. Cada vez mais comuns, principalmente entre o público jovem, estas alterações no corpo são justificadas pelos que a praticam como uma forma de expressão artística. Para especialistas, como psicólogos, a body art relaciona-se mais com a busca pela afirmação da identidade e, principalmente, pela inserção em grupos sociais. São entendidos como códigos de pertencimento a determinados grupos ou tribos urbanas.
A modificação corporal (body modification, em inglês) é, para os seus praticamente e admiradores, vista como uma expressão artística, por isso a denominam Body art. Francine Oliveira (23) é perfuradora corporal (ou body piercer) e possui vários tipos de modificação como tatuagens, piercings, alargadores e escarificações. Ela conta que body art é todo tipo de expressão artística feita no corpo ou com ele, como maquiagem artística, performances de qualquer tipo (que podem envolver agulhas e suspensão corporal), e pintura corporal.

A escarificação também pode ser bela 
A modificação corporal em si pode designar outro estágio dentro das práticas que envolvem a transformação do corpo: “Modificação corporal, body modification ou body mod envolve uma alteração do corpo mesmo, a ‘longo’ prazo, mas não necessariamente permanente”, diz Francine. O tatuador e body piercer Cleiton Soares, o “Juh” (28), que está no ramo há sete anos, tem visão similar a dela. Segundo ele, a body art engloba todos os tipos de modificação corporal, mas o termo ‘modificação corporal’ refere-se principalmente a “procedimentos que fogem um pouco dos padrões e que geralmente são irreversíveis”.
O ato de transformar ou modificar o corpo geralmente é visto como uma busca por identidade pessoal exclusiva ou forma de sentir-se parte de algum grupo específico. Para Francine, a estética também é um fator considerável. Segundo ela, em relação à body art, 99% dos interessados que a procuram fazem as intervenções por questões estéticas. A popularização das cirurgias plásticas, um avanço auxiliado pela tecnologia e medicina moderna, também comprova essa onda de busca pela perfeição estética, ou padronização, que levam a modificação do próprio ser. O body art ou modificação corporal apenas pode seguir por outra vertente, a de fugir dos padrões de beleza impostos pela sociedade, não deixando, entretanto, de ser bela.


Psicanalista aponta caráter masoquista das práticas de body art
No âmbito da psicologia, a prática da modificação corporal está intimamente ligada a questões de relações sociais. “A noção de beleza está muito associada à noção do fetiche”, diz Hugo Silva Valente, psicólogo com formação na área da psicanálise. Segundo Hugo, toda modificação é uma tentativa de formar um símbolo representante, seja de status, beleza ou verdade. Tal como um rito de passagem, a prática da modificação estética seria uma forma de estabelecer laços sociais e se integrar a um grupo.
Outro fator seria infringir dor ao corpo como forma de obter satisfação. “A psicologia, após 1905 com os trabalhos de Freud, reconhece vários modelos de satisfação que vão contrários à idéia de prazer consciente”, diz Hugo, que esclarece que os dois fatores, fetiche cultural e masoquismo, devem ser vistos como motivações isoladas. “O sujeito pode formar seu símbolo sem necessariamente sentir dor. Um brinco ou um piercing cumprirá a função reservada ao fetiche, mas dificilmente iria satisfazer o sujeito em busca da satisfação pela dor”, explica.
O psicanalista ainda pontua um item importante sobre o masoquismo nessas práticas. “É necessário diferenciar o masoquismo ligado às modificações da prática do body-art, onde a dor cumpre função juntamente com fatores como a integração social, da prática de automutilação, como em casos onde crianças ou adolescentes que, sofrendo de angústia profunda, buscam na dor do corpo um alívio do sofrimento da alma”, esclarece.
Mas o corpo não é o primeiro a passar pelas modificações em função do estabelecimento de laços sociais. Como Hugo destaca, o psiquismo é o primeiro a se adaptar aos símbolos do grupo, modificando o modo de pensar e de se comportar do sujeito. Um indivíduo inserido em uma sociedade estará dependente dos fatores que aquele grupo estabelecer, seja a utilização de gírias ou seguir a moda de vestimenta do momento. “É o que a psicologia chama de processo de identificação”, diz Hugo. “Essa prática fetichista nada mais é do que uma negação do homem à sua própria natureza, sua natureza biológica, em função do símbolo, da adaptação social”, completa.
Toda modificação corporal teria um propósito rumo a uma idealização de imagem, que vai enquadrar o indivíduo dentro da sociedade. No caso das modificações corporais, esse status não estaria ligado à coletividade em geral, mas a subgrupos específicos dentro dela. A moda, por sua vez, quando produz ideais de beleza, também produz a necessidade de modificações corporais, essas as quais já estamos acostumados, como a idéia de ser magra para ser bonita e afins, que influenciam a coletividade. “A exclusão de determinado movimento, ou comportamento, é impulsionada por um movimento correlato, ou seja, para negar um fetiche é necessário que outro fetiche anterior esteja bem fundamentado”, diz Hugo, ilustrando o porquê de práticas de body art serem marginalizadas enquanto outras intervenções estéticas são legitimadas. Tudo faria parte de uma relação de poder entre um fetiche, um modo de pensar, sobre o outro. “Se o fetiche é montado em cima de um objeto aleatório, querer julgar essas formas ‘alternativas’ é absurdo, é querer matar a identidade do outro. Temos medo do diferente, justamente pelo diferente ofender nossos próprios fetiches”, afirma o profissional.


Cuidados
O cirurgião plástico César Tayer diz que o procedimento padrão para quem quer fazer algum tipo de modificação corporal é ficar atento na hora de escolher o estúdio. Esse tipo de cuidado evita complicações posteriores, como o surgimento de quelóides, formação de cicatrizes indesejadas e até contração de doenças mais graves como HIV e Hepatite.

Evite problemas, procure um profissional para fazer sua modificação
Ele afirma que principalmente perfurações intra-orais proporcionam um sério risco de complicações graves como excesso de salivação, alterações na fala e até infecções que, nessa parte do corpo, podem chegar à corrente sanguínea, se espalhar e até levar a morte. O cirurgião considera que cabe ao profissional tomar os cuidados específicos referentes à assepsia do material utilizado, mas que depende do cliente a manutenção e limpeza das jóias, pois a atenção deve ser constante.
Uma realidade perigosa comentada é que muitas pessoas colocam piercings por conta própria, o que eleva consideravelmente o risco de infecção. Esse fenômeno acontece principalmente em modificações mais comuns, que aparentemente não demandam tantos cuidados. Os alargadores de orelha são apontados como uma dessas práticas. Em vez de procurar um profissional, o individuo coloca nas orelhas objetos que podem estar contaminados, sem tomar as precauções adequadas.
Nesse caso também é necessário que o lóbulo não seja alargado de uma só vez e que as expansões não sejam grandes demais, pois há o risco de se rasgar a orelha, ou provocar uma vaso-contrição: isso interrompe a circulação de sangue em uma parte do tecido, levando a esquemia e até a necrose da região. A pessoa pode, inclusive, perder parte do lóbulo e destruir a cartilagem auricular.
O cirurgião alerta que o profissional desta área deve ser capacitado, descartar agulhas e esterilizar os materiais em uma autoclave, máquina própria para realizar a assepsia dos objetos de forma rápida e eficaz. Esse processo é o único permitido por lei, segundo Tayer. Nele esterilizam-se os instrumentos em vapor de alta temperatura e pressão. Ainda de acordo com o cirurgião, “uma modificação corporal envolve os mesmos riscos de qualquer intervenção cirúrgica e, portanto, exige os mesmos cuidados que demanda um procedimento dessa espécie”. Tayer afirma que muitos tatuadores e body piercers sequer conhecem as leis que determinam os cuidados com a esterilização do material.
A body piercer Francine conta que o problema em alguns locais não é totalmente relacionado à esterilização dos objetos, mas sim a falta de cuidado por parte de alguns profissionais, que não têm cuidados de higienização. A falha mais comum é a retirada das luvas antes de terminar totalmente o procedimento, quando, por exemplo, o cliente já se foi, mas ainda restam agulhas para serem jogadas fora. Essa falta de atenção coloca em risco a saúde do próprio profissional, que entra em contato direto com material cortante utilizado no processo. A forma de descartar o que já foi utilizado é a mesma do lixo hospitalar.


Arrependimento
É comum que alguns adeptos da body modification se arrependam de artes em suas peles e desejem retirá-las. Voltar atrás pode ser mais fácil no que diz respeito a perfurações. Segundo Juh, depende do tamanho da jóia, o seu peso e do tempo em que ela se encontra na pele.

Reconstituição do lóbulo
Para Tayer, a pele consegue voltar um pouco ao normal, devido à sua elasticidade natural. Contudo, casos em que o furo é muito grande, situação dos alargadores, por exemplo, apenas a cirurgia plástica consegue retornar a pele ao seu estado anterior.
Com as tatuagens, se arrepender é mais doloroso. Dói bastante para remover, além de ser caro. É o que afirmam em consenso César Tayer e Juh. O cirurgião explica que a remoção de tatuagens é um trabalho para os dermatólogos, mas informa que a remoção a laser funciona razoavelmente bem somente em alguns tipos de tatuagem. As muito coloridas, por exemplo, são mais difíceis de apagar, sendo que o raio laser não consegue remover totalmente tons em vermelho e laranja, diz Juh. Além disso, corre-se o risco de permanecerem marcas na pele. Cada sessão a laser pode custar entre 500 e 800 reais, sendo que algumas tatuagens necessitam de até 10 sessões. A conta total poderia, então, chegar a oito mil reais.


Rituais que marcaram o processo civilizatório do homem
A prática da modificação corporal está longe de ser um fenômeno atual na sociedade. Presente há muito tempo em ritos de passagem de tribos africanas, brasileiras, indianas, e, identificadas também nas culturas egípcias e judaicas, o ato de transformar o próprio corpo pode ser motivado por causas meramente estéticas ou como parte de cerimoniais dentro de determinada cultura.
A modificação corporal que, geralmente, é vista com espanto por parte da sociedade, como, por exemplo, ao contemplarem uma “escarificação”, não e uma prática nova na sociedade. Mulheres e homens de algumas tribos africanas cortam a pele com o intuito de ostentar belas cicatrizes, celebrar o fim de uma determinada etapa da vida e o início de outra ou simplesmente evidenciar pertencimento e até graduação social dentro do grupo.
Absorvida pela cultura ocidental, tem diversas faces e não apenas estas que são vistas como mais radicais. A circuncisão utilizada pelos judeus e implantes de silicone na mama também podem ser tomados como exemplos mais comuns. A tatuagem talvez entre nesse grupo de modificações mais bem vistas pela sociedade, pois tem tornado-se cada vez mais popular.


Alguns tipos de modificação corporal e body art
Escarificação: é um processo permanente, concebido para decorar o corpo, e é considerada valiosa artisticamente por algumas tribos na África Ocidental. É a prática da incisão na pele com um instrumento afiado. Existem diferentes tipos de escarificação, sendo diferenciadas pelo material utilizado e técnicas. Quanto a este material, geralmente é composto por lâminas para cortar ou remover tecidos.

Branding: queimaduras feitas por aço ou laser, cauterização por ferramentas como ferro de solda etc.

Microdermal: o microdermal é uma micro placa que fica sob a pele com uma saída única, em que podem ser rosqueadas peças, que, por sua vez, podem variar desde implantes simples a brilhantes, dando o efeito visual de jóias.

Subdermal: tipo o chifre implantado. PTFE tipo teflon – único debaixo da pele.

Transdermal: surgiu antes do microdermal, possui uma saída feita com incisão cirúrgica além do furo.
Suspensão corporal: é o ato de suspender um corpo humano por meio de ganchos passados por perfurações na pele. Estas perfurações são temporárias e normalmente abertas pouco antes da suspensão ocorrer. Os ganchos de suspensão são feitos especialmente para a prática, e o material utilizado na confecção do mesmo é o aço cirúrgico. São colocados como piercings tradicionais, com agulhas e depois conectados aos ganchos. A localização exata desses ganchos no corpo determina o tipo de suspensão que está sendo executada, e o número de itens instalados geralmente depende do peso da pessoa e seu nível de experiência.

Pulling: feito da mesma forma que a suspensão corporal. Entretanto, não se suspende o corpo, apenas se tenciona a área na qual o gancho se encontra. Pode ser encarada como uma preparação para a suspensão. Os ganchos são menores e encaixados em partes como os antebraços e joelhos.


Juh fazendo uma tatuagem (esquerda) e escarificação da Francine (direita)

Tatuagem: trata-se de um desenho permanente feito na pele. É tecnicamente uma aplicação subcutânea de tinta obtida através de introdução de pigmentos por agulhas, um procedimento que durante muitos séculos foi irreversível. É uma das formas de modificação corporal mais conhecida e cultuada no mundo.

Piercing: perfuração da pele para aplicação de uma jóia.

Alargadores: são peças que mantêm o tecido expandido. A idéia é expandir qualquer tecido para colocação de uma peça maior.


Aumento de cargos comissionados gera polêmica


Bruno Ribeiro e Marcelo Alves

Os vereadores votaram e aprovaram, em reunião no dia 13 de agosto, Projeto de Lei nº. 5.693, enviado pelo prefeito Municipal, Nivaldo Andrade (PMDB), que aumenta o número de funcionários comissionados no Damae e na Prefeitura de São João del-Rei. A lei vai contra o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado entre o executivo municipal e o Ministério Público Estadual. O limite de comissionados sobe de 10% para 13%, no caso da Prefeitura, e de 12% para 15%, no caso do Damae.
Nivaldo sancionou o dispositivo legal, mesmo diante do risco de sofrer um processo por improbidade administrativa. Além de desrespeitar o TAC, o projeto aumenta os gastos da administração municipal em um momento de queda na arrecadação, tendo em vista que o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e os alvarás comerciais renderam bem menos que o esperado pela Prefeitura. A queda na receita de arrecadação em 2010 ficou em torno de 20%.
Em função da polêmica gerada pelo projeto e das reações contrárias do Ministério Público e do Sindicato dos Servidores Municipais, o prefeito Nivaldo voltou atrás. A secretária de Administração, Maria Sônia de Castro, informou que Nivaldo não irá nomear os novos funcionários. “Eu acho que ele não vai nomear essas pessoas. Acho que ele pensou bem e não vai nomear não. É para conter despesas”, explicou a secretária.

Votação na Câmara
A Constituição Federal determina que apenas os cargos comissionados destinam-se à “direção, chefia e assessoramento. Mesmo que, posteriormente, o prefeito tenha desistido da nomeação, ficou evidente o apoio recebido da maior parte dos vereadores – oito votos favoráveis e apenas dois contrários.
Desinformada da determinação legal, a vereadora Rosina do Pilar Nascimento (DEM), a Rosinha do Mototáxi, defendeu o projeto acreditando que os novos servidores iriam “cuidar das praças da cidade”. O vereador Gilberto Luiz dos Santos (PT), o Gilberto Lixeiro, também votou a favor, por acreditar que os funcionários seriam destinados à limpeza urbana. O petista não viu problema nenhum, pois “são cargos de R$ 550 reais”. No entanto, o salário dos comissionados gira, na verdade, em torno de R$ 1.500,00.
O vereador João Geraldo de Andrade (PMDB), o João da Marcação, defendeu o projeto alegando que “O TAC assinado exonerou alguns comissionados. Eles estão fazendo falta para a administração municipal”. Apenas as vereadoras Silvia Fernanda de Almeida (PMDB) e Vera Lúcia Gomes de Almeida (PT), a Vera do Polivalente, votaram contra a lei.

            Damae
            O Damae tem 184 funcionários, sendo 26 comissionados. Contudo, pelo limite do TAC, o máximo de comissionados na empresa seriam 22 profissionais. Com a promulgação da lei, o limite passa para 27 funcionários, o que regulariza uma situação atual e permitiria a contratação de apenas mais um.
Apesar disso, o diretor do Damae, Jorge Hannas Salim, pretende contratar mais quatro pessoas, para atuarem no atendimento e fiscalização, mesmo tendo dito que o principal setor com deficiência de pessoal é o operacional.
Como a Constituição permite que apenas cargos de chefia sejam comissionados, Hannas afirma que seriam criados os cargos de “chefe de atendimento” e “chefe de fiscalização”.
O diretor da autarquia afirmou também que o projeto foi elaborado em consenso entre o Damae e a Prefeitura. Ele confirma que conhecia o TAC que limita o número de comissionados, mas alega que havia sido informado de que “o projeto aprovado pela Câmara de Vereadores se sobrepõe ao TAC”.
É importante ressaltar que o Damae está em precárias condições financeiras e não tem verba suficiente para implementar mudanças e reformas exigidas pelas novas Diretrizes Federais de Saneamento Básico. Discute-se, inclusive, o fechamento do Damae e a contratação de outra empresa de saneamento na cidade.

Reações
A promotora de Justiça, Adriana Vital do Vale, informou que a Lei nº. 5.693 modifica a cláusula de um documento judicialmente perfeito, assinado entre o Executivo Municipal e o Ministério Público. “O número de comissionados tem um limite. Já avisamos o prefeito de que os valores do TAC devem ser respeitados. Caso contrário, caracteriza improbidade administrativa e podemos ajuizar o caso”, afirmou a promotora.
O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais (SindServ), Mauro Pedro Alves, acompanhou a tramitação e se posicionou contra o dispositivo legal. “Quando nossa classe negocia salário, a Prefeitura Municipal nunca tem dinheiro. Agora, eles criam mais cargos e aumentam a folha de pagamento, ainda mais comissionados. Os vereadores nem sabem defender o projeto. O Gilberto Lixeiro disse que os profissionais iriam trabalhar nas praças e limpando as ruas. Isso está errado. Os comissionados ficam dentro da Prefeitura, infelizmente, sem fazer nada”, comentou o sindicalista.