terça-feira, 23 de agosto de 2011

O Brasil não é assim

O filme Amarelo Manga retrata um lado do Brasil, precisamente de Recife que poucos conhecem, até porque não existe tal como mostrado no filme. Em uma produção que critica os instintos animais nas pessoas, abordando loucuras delas, banalização da vida, do sexo e da violência, além de criticar a religião, que é usada por alguns personagens para esconder suas verdadeiras personalidades. O filme realmente critica fatos que existem, mas a abordagem mal feita, levaria algum estrangeiro que assistisse ele, a pensar que aquilo mostrado na película é regra aqui. Uma cena de total falta de sensibilidade foi quando se mostrou pessoas normais, passando a impressão, principalmente por trajes e posturas semelhantes a dos personagens do filme, que eles se comportam daquela forma.

Ora, nem toda evangélica traída passa a se prostituir, nem todo homem é agressivo, fala de forma chula e gosta de “matar cadáveres”. Nem todos vão ao terreiro de macumba, nem todos padres são loucos e passam a mão em homossexuais. Nem todos os hotéis e edifícios brasileiros e pernambucanos estão caindo aos pedaços como o hotel e o bar mostrados no filme. E, principalmente, nem todos os homens que transam com mulheres aceitam que ela enfie uma escova de cabelos em seu anus.

De fato, o filme apresenta uma série de semelhanças com a teoria crítica dos frankfurtianos, mas a abordagem ficou exagerada. De fato, é importante que se critique sempre, mas deve-se tomar cuidado para não generalizar. Nota-se uma grande ligação com a teoria crítica, até porque os produtores dessa película, aparentemente, tentaram fugir dos padrões da Indústria Cutural, não fazendo um filme linear, com início, meio e fim, como se exige de “campeões de bilheteria”. O filme não tem preocupação mercadológica e tenta ser totalmente “artístico”, pois sabe-se que o público de massa não tem boa aceitação de obras como essa, que faz pensar e refletir. Alguém que vai ao cinema com sua família, namorada(o), dificilmente assistiria a esse filme, que não apresenta uma estória facilmente “digerível”.

Portanto, Amarelo Manga tem forte influência das ideias da Teoria Crítica, mas faltou arte. Filmes comerciais também não têm arte, segundo os teóricos críticos, mas tem estratégias mercadológicas. Amarelo Manga não tem estratégias mercadológicas, mas também não tem arte, o que fez da obra, algo chulo, grosseiro e vazio. Sem pé nem cabeça, ele é a cara de um Brasil de minorias tão (ou mais) minoritárias quanto a elite representada em filmes criticados por alguns intelectuais do país..

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