sexta-feira, 18 de maio de 2012


A história das rádios saojoanenses

CAPUTO; Bruno Ribeiro
Orientador: Profa. Dra. Filomena Bonfim
UFSJ – Curso de Comunicação Social/Habilitação Jornalismo



1.         Resumo

São João del-Rei é uma cidade histórica mineira com uma imprensa forte e tradicional. A partir da metade do século XX, emissoras de rádio que se instalaram na cidade passaram a se constituir instrumentos de divulgação de informações relevantes à população, à propagação da cultura e do entretenimento.
Para que essa memória não se perca, entende-se ser necessário o estudo da radiodifusão local e o registro dos dados apurados. O presente trabalho acadêmico visa investigar, resgatar, registrar e preservar a memória e as características das rádios da cidade, à luz de teóricos que fornecem embasamento para as investigações. Assim sendo, do referencial teórico desse trabalho constam os seguintes conceitos: memória, radiodifusão, comunicação regional, políticas de comunicação e meio de comunicação.
Torna-se necessário, pois, que se registre as histórias do radiojornalismo são-joanense, como forma de contribuir com a memória do jornalismo regional. A trajetória e evolução dessas emissoras e sua repercussão junto à população local parece decisiva para que essa pesquisa possa contribuir para o resgate da história desses veículos na vida da sociedade sãojoanense.

2.      Palavras-Chave
Memória – Rádio – Comunicação – Políticas de Comunicação


1.      Abstract
São João del-Rei is an historical city in Minas Gerais – Brazil. There is a strong and traditional press. From the mid-twentieth century, radio stations that settled in this town began to constitute a tool for dissemination of relevant information to population, to propagation of local culture and entertainment.
For this memory does not lose, understand to be necessary the study of local broadcasting and the register of established data. This academic work aims to investigate, rescue, register and preserve the memory and the features of radio stations of the city, the light of theoretical that provide basement for the investigations. In the theoretical set the following concepts: memory, broadcasting, regional communication, communication policies and media.
So, it is necessary to register the histories of broadcasting in São João del-Rei, as a contribution with a memory of regional journalism. The trajectory and evolution of these stations and their repercussion together local population appear to be decisive for that this search can contribute for the rescue of the history of these medias in the life of society of São João del-Rei

2.      Keywords

Memory – Radio – Communication – Communication policies



3.      Introdução
A comunicação tem uma grande importância na interação entre as pessoas. o ato de comunicar é a materialização do pensamento/sentimento em signos conhecidos pelas partes envolvidas. Estes símbolos são então transmitidos e reinterpretados pelo receptor. Portanto, este trabalho de pesquisa torna-se importante para o campo da Comunicação Social por analisar historicamente como é/era a interação entre as emissoras radiofônicas pesquisadas e o público e como esse interpretava o que era apresentado pelo veículo.
Como é comum em cidades do interior, o jornalismo local não é registrado, o que impede que profissionais futuros possam acompanhar como é a evolução da comunicação regional, como era o trabalho e, por conseguinte, em que os profissionais de tempos anteriores acertaram ou erraram. Torna-se necessário, pois, que se registre a memória do rádiojornalismo são-joanense, como forma de contribuir com a memória do jornalismo regional.
Um detalhe que chama a atenção é o fato de que praticamente todas as emissoras são ou foram ligadas a grupos políticos. Analisar a história destas rádios ajuda a entender qual a influência política em seus noticiários, e desses noticiários na população.
O rádiojornalismo nacional não está apenas nos grandes centros. Por ser nacional, ele passa também pelo interior. Sem dúvidas, uma pesquisa sobre o radiojornalismo de São João del-Rei contribui imensamente para se entender as relações e influências entre o interior e a capital, o que gera informações relevantes até para pesquisadores que estudem o radiojornalismo em capitais.
A cidade também é um dos locais onde a imprensa foi pioneira, tendo existido na cidade inúmeros jornais até de repercussão nacional. Mantendo a tradição jornalística já existente na cidade, foram instaladas, desde a década de 1940, várias emissoras de rádio.
As rádios São João del-Rei (970 kHz AM); Emboabas (1480 kHz AM); Emboabas (96,9 MHz FM); Vertentes (97,7 MHz FM); Ecológica e Sol (98,7 MHz FM) ganharam importância na cidade e na região, transmitiram ao vivo eventos históricos, como jogos esportivos, festivais, shows, informativos, dentre outros. O conhecimento da história da radiodifusão são-joanense permite o entendimento de parte da história da cidade e, consequentemente, se conheça um exemplar do rádio no interior do país.
Para que essa memória não se perca, é necessário o estudo da radiodifusão local e o registro dos dados apurados. Objetiva-se, pois, através desse trabalho acadêmico, o resgate e a preservação da memória das emissoras radiofônicas de São João del-Rei, à luz de teóricos que fornecem embasamento para as investigações.

4. Discussão teórica
4.1. História e memória
É possível que as estações de rádio não tenham alguns seus registros históricos preservados, como fitas de áudio, fotos e documentos, o que aumenta a importância do presente trabalho. Nesse caso, será possível um resgate da memória e não da história, pois, prioritariamente os dados empíricos serão colhidos também através de entrevistas e testemunhos e, como sugere Ecléa Bosi (1993,p.277-83)., por mais ricos que sejam os depoimentos, não podem tomar o lugar de uma teoria totalizante que explique um processo social. A memória é um trabalho sobre o tempo, mas sobre o tempo vivido, conotado pela cultura e pelo indivíduo. Ela abarca os tempos perdidos na vertigem mercantil.
Para Bosi, a apreensão plena do tempo passado é impossível, como o é a apreensão de toda a alteridade. Para fins acadêmicos, a autora sugere que se faça, ao informante para a pesquisa, perguntas exploratórias e que permita ao recordador liberdade de encadear e compor, à sua vontade, os momentos do passado. A memória é não passividade, mas forma organizadora, e deve-se respeitar os caminhos que os recordadores vão abrindo na sua evocação, pois são o mapa efetivo e intelectual da sua experiência e da experiência do seu grupo (BOSI; 1993, p.277-83).

4.2. Aspectos do campo da comunicação
Luiz Martino (2006, p.41-46) considera que a comunicação não chega a constituir um saber, pois se apóia claramente em outras disciplinas. Ou melhor, constituía apenas um ponto de convergência, como objeto empírico estudado por outras disciplinas. O autor argumenta sobre a dificuldade em se delimitar e descrever o campo comunicacional, tido por alguns estudiosos. Ele apresenta quatro formas de se abordar o campo comunicacional: A redução, que seria similar à semiótica e reduziria a comunicação a outra disciplina. Essa abordagem está em desuso, pois é uma representação do campo comunicacional baseada em um recorte teórico que não é o de nossa área, ou que operam uma drástica redução a apenas uma de suas correntes.
A segunda corrente é a História, uma das abordagens mais empregadas para apresentar o campo comunicacional, seja na forma de um simples guia para a exposição das idéias, seja encadeando as datas de surgimento de teorias ou de instituições, avanços tecnológicos ou acontecimentos sociais relevantes. São muitas as maneiras que a história pode contribuir para elucidar a emergência do campo. A elucidação da emergência do campo comunicacional e do radiojornalismo regional são, pois, mais um fator que reforça a importância de se estudar a memória do rádio em São João del-Rei.
A história pode ajudar na definição do objeto comunicacional, visto que é a singularização histórica do processo comunicacional, baseada na emergência de um tipo de sociedade (industrial), que libera um tipo de fenômeno comunicacional inédito: a integração da comunicação midiática à nova organização social e a emergência da atualidade como produto da atividade midiática. “Não se pode contar a história daquilo que se desconhece, e a introdução sub-reptícia de noções sobre o que é, ou o que seria a comunicação, é justamente o que o pensamento epistemológico não pode admitir” (MARTINO; Luiz. 2006, p.46-50).
A terceira corrente é Conceito, teoria, pesquisa. Outra maneira de se apresentar o campo comunicacional é pela elaboração de um levantamento das teorias, ou pela discussão de alguns problemas-chave ou pelas pesquisas realizadas. Martino coloca que os estudos da comunicação estão longe de ter um corpus teórico mínimo, reconhecido como constitutivos do saber comunicacional. A dispersão teórica é realmente notável e marcante.
Para se ter uma ideia da extensão do campo comunicacional, Martino apresenta o trabalho de F. Dance que, sentindo a necessidade de organizar o conjunto de acepções, classificou-as em 15 categorias fundamentais ou subáreas do campo comunicacional. O que, sem dúvida, apresenta um avanço considerável, mas, assim mesmo são 15 dimensões continentais, a serem exploradas, descritas, pensadas, desdobradas; são 15 direções na rosa-dos-ventos do pensamento comunicacional, cada uma delas apontando para problemáticas específicas, constituindo diferentes eixos de investigação e mobilizando saberes fortemente variados.
Posteriormente, baseado nesse trabalho, Stephen Littlejohn (1982), discerniu nove diferentes subcampos para as teorias da comunicação. São elas: teoria dos sistemas e cibernética; interacionismo simbólico; teoria dos signos (codificação verbal e não-verbal); significado e pensamento; teoria da informação; teoria da persuasão e mudança; teorias de comunicação interpessoal; teorias de comunicação em pequenos grupos; teorias da organização humana; teorias de comunicação de massa.
Sobre a corrente “Conceito, teoria, pesquisa”, o autor conclui que falta a explicitação dos critérios que permitem selecionar determinadas teorias e não outras, o que permitiria a discussão crítica e não apenas um rol de teorias ou fenômenos supostamente comunicacionais.
A última corrente apresentada, Sociologia da ciência ou análise institucional, define o campo comunicacional não por sua produção intelectual, mas, de forma mais objetiva, menos polêmica, que é a análise de suas instituições, como revistas, jornais, associações, mas, principalmente, suas instituições de formação, como as faculdades, com seus cursos de graduação e de pós-graduação. Os elementos em interação não são mais teorias, pesquisas, mas agentes sociais. O que significa dizer que saímos de um plano epistemológico para um plano de análise social (MARTINO; Luiz. 2006, p.46-50).

4.3. Políticas de comunicação e a história da radiodifusão no Brasil
A história do rádio no Brasil se inicia no início do século XX (HAUSSEN; Doris. 2004,p. 2-3), quando o padre Roberto Landell de Moura realizava experiências similares às que vinham sendo desenvolvidas por Guglielmo Marconi na Europa. Experiências que viriam a dar passagem às iniciativas inovadoras de Edgar Roquette Pinto, Henrique Morize e Elba Dias que permitiriam, em 1922, a primeira transmissão radiofônica brasileira. Naquele ano, no dia 7 de setembro, em comemoração ao centenário da independência, seria transmitido o discurso do presidente Epitácio Pessoa, do local da Exposição Internacional que se realizava no Rio de Janeiro. No ano seguinte, em 1923, seria criada a primeira emissora do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro que, em 1936, se transformaria na rádio do MEC, por doação do próprio Roquette Pinto. Sem esquecer que, em 1919, no Recife, a Rádio Clube de Pernambuco ensaiava as suas primeiras transmissões.
A partir de então, o desenvolvimento tecnológico possibilitaria o surgimento e a disseminação de inúmeras emissoras pelo país. Neste sentido, um marco seria a criação da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, em 1936, que se tornaria um modelo e marcaria presença em todo o território nacional através de sua programação, principalmente após 1940, quando foi encampada pelo governo Getúlio Vargas, junto com o espólio da antiga Companhia de Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande e as empresas a ela pertencentes. Entre estas estavam a Rádio Nacional, o jornal A Noite e a Rio Editora.  Desde então, a emissora passaria a contar com o apoio financeiro do governo e da publicidade comercial.
Este fato faria com que pudesse dispor da tecnologia mais avançada da época, dos melhores artistas, radialistas e técnicos, tornando-se um paradigma por vários anos. Ainda em relação à tecnologia, pode-se dizer que a disseminação do transistor, na década de 60, seria outro grande momento da radiofonia, uma vez que permitiria a criação do rádio portátil, e, como consequência, a libertação do "espaço fixo" do veículo, em geral na sala de jantar, papel ocupado, depois, pela televisão. Por outro lado, a reportagem de rua passaria a fazer parte do cotidiano do rádio, a partir da experiência da rádio Continental do Rio de Janeiro. O próximo passo seria a segmentação da programação das emissoras, com a introdução da FM - Frequência Modulada no país, nos anos 70, que permitiria a ampliação do número de canais, até então de Amplitude Modulada e Ondas Curtas.
A partir das décadas de 80 e 90, a rapidez do desenvolvimento tecnológico levaria à possibilidade da transmissão via satélite e internet, e à digitalização do rádio, oportunizando a formação de redes e marcando o atual estágio. Uma das consequências foi a alteração na transmissão das principais emissoras internacionais em ondas curtas que divulgavam a sua programação para todo o mundo por este meio e que passam a optar por estas novas modalidades. Por outro lado, a concorrência da TV a cabo e da internet levam o rádio a especializar-se na prestação de serviços. (HAUSSEN; Doris. 2004,p. 2-3) Os primeiros programas jornalísticos do rádio brasileiro foram o Repórter Esso, na Rádio Nacional, e o Grande Jornal Falado, na rádio Tupi. Aliás, esse último nome também foi usado por Geraldinho, como o primeiro nome do atual Jornal das Dez na Rádio São João, que é um dos objetos do presente estudo.
Murilo César Ramos (2005,p.248) argumenta que o direto à comunicação constitui um prolongamento lógico do progresso constante em direção à liberdade e à democracia, mas o rádio foi e é, muitas vezes, usado com instrumento político. À nível nacional, tivemos o histórico caso em que Getúlio Vargas se aproveitou da Nacional AM e da Voz do Brasil para seus discursos populistas. Ainda hoje, é enorme o número de emissoras radiofônicas nas mãos de políticos. Del Bianco (2001:38) estima que do total das 3083 emissoras brasileiras, 45% pertenciam a políticos, 25% a seitas evangélicas, 10% à igreja católica e apenas 20% são emissoras comerciais independentes.
Em São João del-Rei, temos um cenário parecido, já que das seis emissoras na cidade, quatro tem ou já tiveram políticos como seus acionistas. Gisela Ortriwano lembra que são as emissoras comerciais as que mais investem na programação e na qualidade dos profissionais. Bem ou mal, é necessário que tenham estratégias de programação e estruturas mínimas de operação (1987).Isso acontece, possivelmente devido a forma de concessão dos canais. Antes de 1988 era o presidente da república que distribuía os canais e, após essa data, o poder passou ao poder legislativo.

4.4. Rádio e Radiojornalismo
Gisela Ortriwano, (1985,p.78-79) afirma que entre os meios de comunicação de massa, o rádio é o mais popular e o de maior alcance público, não só no Brasil como em todo o mundo, constituindo-se, muitas vezes, no único meio a levar a informação para populações de vastas regiões que não tem acesso a outros meios, seja por motivos geográficos, econômicos ou culturais. Este status foi alcançado por vários fatores, dentre eles o fato de o homem ter a capacidade de captar e reter a mensagem falada e sonora simultaneamente com a execução de outra atividade que não a especificamente receptiva. A linguagem oral do rádio faz com que a mensagem seja captada apenas ouvindo, não havendo necessidade de a pessoa ser alfabetizada.
O rádio é o veículo de maior penetração e abrangência, chegando até nos pontos mais remotos. Sua facilidade técnica permite a existência de emissoras locais, que falam uma linguagem mais regional e próxima do ouvinte. É também um veículo de fácil mobilidade, tanto na recepção, como na transmissão, o que faz com que uma notícia possa ser divulgada imediatamente, antes de ser em veículos como impressos e TV, e com que o ouvinte possa levar o seu radinho para vários lugares onde desejar ouvi-lo. Outra vantagem é que o receptor de rádio é barato e acessível a grande maioria da população.
Por não ter imagens, a fala e os efeitos sonoros no rádio despertam a emoção e a imaginação do ouvinte, ou seja, é um veículo envolvente, que faz o público participar da criação de um diálogo mental com o emissor. Contudo, o rádio é um veículo que perde, assim como a televisão, para mídias impressas por ser instantâneo, ou seja, se o ouvinte não estiver ouvindo o rádio no momento da notícia ou não entendê-la, não tem mais a oportunidade de voltar atrás, como se faz em impressos.
Mesmo assim, a informação a ser difundida nos meios eletrônicos é a mesma a ser pelos impressos. No rádio, a informação vai apresentar características próprias, sem, contudo perder sua identificação com o conteúdo informado. A diferenciação deve ser entendida unicamente em função do meio específico e da técnica mais adequada a ele e não como se existisse uma parcela específica de informação para cada meio. O que pode ocorrer é a aparição eventual de acontecimentos que melhor se adaptam para serem transmitidos por um ou por outro meio.
A notícia no rádio tem estrutura semelhante a outras mensagens radiofônicas: embora a informação tenha conteúdo e natureza diferentes das demais, está sujeita à linguagem do meio, devendo adequar-se a suas características. E algumas das características do rádio permitem que seja especialmente apto para a transmissão da informação, destacando-se, entre elas, o imediatismo e a mobilidade. Ainda hoje, a grande maioria dos acontecimentos importantes chega primeira pelo rádio, seja direta ou indiretamente: quem avisou, ficou sabendo pelo rádio (ORTRIWANO; 1985,p. 78-79).
Para Doris Haussen (2004, p.7-8), o rádio brasileiro tem sido "o companheiro de todas as horas", não só no âmbito individual mas, principalmente, no coletivo, e que deverá continuar desempenhando este papel por um bom tempo ainda, seja qual for o seu suporte tecnológico. O rádio participou de grandes momentos brasileiros, como a cobertura da eleição e morte de Tancredo Neves. Também é um importante difusor de cultura, com seus programas de auditório, de humor, radionovelas, jornadas esportivas e reportagens. O rádio divulgou eventos e promoveu nomes de jornalistas, radialistas, artistas, músicos, esportistas.Além da participação na cultura, na política e na economia do país, é preciso ressaltar, ainda, o seu papel integrador. No início, através, principalmente, da Rádio Nacional, mas, também, das emissoras locais que replicavam os acontecimentos de interesse da nação, por meio dos seus microfones.
Na atualidade, as diversas possibilidades de transmissão das suas mensagens, oportunizadas pelo avanço tecnológico, permitem maior visibilidade do país e dos acontecimentos internacionais, mas a característica principal do veículo continua sendo a da proximidade com a comunidade local. Se a televisão aberta tomou para si o papel que a Rádio Nacional desempenhava, se a globalização e a tecnologia trazem cada vez mais as informações mundiais, cabe justamente ao rádio, devido às suas características inerentes, promover as informações locais. Isto sem falar nas rádios comunitárias que se proliferam em grande número pelo país. . (HAUSSEN; 2004,p. 7-8).

5.  Dados Empíricos

5.1 Um breve histórico de São João del-Rei
São João del-Rei é um município brasileiro do estado de Minas Gerais localizado na Serra da Mantiqueira. Cidade pólo do Campo das Vertentes. O Arraial Novo do Rio das Mortes, que deu origem à cidade, foi fundado entre 1704 e 1705. Porém, a região já era ocupada desde pelo menos 1701, quando Tomé Portes del-Rei se estabeleceu na região do Porto Real da Passagem (hoje nas proximidades dos bairros de Matosinhos em São João del-Rei e Porto Real em Santa Cruz de Minas).
Entre 1707 e 1709, o Arraial se tornou um dos palcos da Guerra dos Emboabas, um conflito armado que também alcançou vastas regiões de Minas Gerais: principalmente as do Rio das Velhas (Sabará), Rio das Mortes (São João del-Rei) e Vila Rica (Ouro Preto). Nas proximidades de São João del-Rei, durante a guerra, pode ter ocorrido um episódio obscuro conhecido como Capão da Traição.
Em 8 de dezembro de 1713 o arraial alcançou foros de Vila com o nome de São João del-Rei, clara homenagem a D. João V. Em 1714 passa a ser a sede da recém criada Comarca do Rio das Mortes.
ouro, a pecuária e a agricultura permitiram o desenvolvimento e progresso da vila, elevada à categoria de Cidade a 8 de dezembro de 1838.Diferentemente das demais cidades históricas mineiras, São João del-Rei encontrou saídas imediatas após o final do ciclo do ouro. Tal fato permitiu a "junção" harmônica, entre o antigo e o moderno.
Nasceram em São João del-Rei o presidente eleito do Brasil em 1985 Tancredo Neves, Cardeal Dom Lucas Moreira NevesOtto Lara ResendePadre José Maria Xavier (compositor sacro), Francisca Paula de Jesus (a "santa" Nhá Chica, nascida em 1808 no distrito são-joanense de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno e que está em vias de ser canonizada pelo Vaticano), dentre outros.
A cidade é tradicional na imprensa, tendo seu primeiro jornal fundado em 1827, o “Astro de Minas”, jornal de grande repercussão. Posteriormente, existiram jornais como o “Amigo da Verdade”, o “Mentor das Brasileiras”. Atualmente existem o tradicional “Jornal do Poste”, a “Gazeta de São João del-Rei”, de Andréa Neves, e a “Folha das Vertentes”, do Deputado Federal Reginaldo Lopes.
Outro importante veículo de comunicação existente na cidade é a TV “Campos de Minas”, afiliada à “Rede Minas”, porém com vários programas locais. A cidade também é conhecida por sediar a primeira biblioteca pública de Minas Gerais. Fonte:(http://pt.wikipedia.org/wiki/São_João_Del_Rei acesso em 11 de Novembro de 2009)

5.2. A história das rádios são-joanenses
5.2.1 - A rádio São João del-Rei foi a primeira emissora da cidade e região. Opera desde 1947 em 970 khz (AM). Com o slogan “A Rádio da Nossa História”, fundada por Tancredo Neves, tem uma programação voltada ao jornalismo e prestação de serviços. É famosa por suas transmissões ao vivo de eventos locais e jogos de futebol. Seus principais programas informativos atuais são o “Fala São João”, “Jornal das 10” e o “Jornal da Tarde”

5.2.2 - A segunda emissora voltada a São João del-Rei foi a Emboabas AM (com transmissores instalados na região que à época pertencia a Tiradentes e hoje pertence a Santa Cruz de Minas), fundada em 1978 por Lourival Gonçalves de Andrade, o então prefeito municipal “Zé Menino”. Operando em 1480 kHz, “Atende ao público que se interessa por assuntos jornalísticos e programas de formação de opinião (período da manhã, de segunda a sexta) e ao público que gosta do estilo popular (destaque para o Sertanejo e estilos temporários que não ferem a sensibilidade dos ouvintes). A Programação conta com programas de participação/oferecimento de músicas, apresentados por comunicadores altamente experientes (com público fiel, característica peculiar das Emissoras AM).”, segundo o site da Empresa (http://www.emboabas.fm.br/includes/home.php?miolo=aradio acesso em 16/09/09 as 12h37min). Seus principais programas informativos são o “Circulando pela cidade” e o “Jornal Emboabas”, esse último transmitido também pela Emboabas FM

5.2.3 – A Emboabas FM foi a primeira rádio em FM da região. No ar desde 1983 em 96,9 MHz, segundo seu site, “é uma rádio musical, com programação diversificada, promoções, participação de ouvintes e sempre ligada no crescimento de nossa cidade e região” (http://www.emboabas.fm.br/includes/home.php?miolo=aradio acesso em 16/09/09 as 12h40min). Seu único programa informativo atual é o “Jornal Emboabas” e seu fundador também foi Lourival Gonçalves de Andrade, o mesmo fundador da Emboabas AM

5.2.4 - A Vertentes FM opera desde 1994 em 97,7 MHz. É uma emissora de Andréa Neves, irmã do atual governador mineiro, Aécio Neves. Segundo o site da empresa “A Vertentes FM possui um formato de programação direcionado ao público jovem, mas em sintonia com o gosto musical de todos os seus ouvintes. Atendendo todas as faixas etárias, a 97FM conta com média de 65% na preferência geral. No público entre 12 e 29 anos, atingimos 90% do mercado, restando apenas 10%, distribuídos entre as demais emissoras. A 97 executa os grandes sucessos de todos os estilos e acompanha, através de seu formato interativo, a preferência musical de forma dinâmica e diversificada, o que permite atingirmos não apenas um público consumidor de poder aquisitivo elevado, mas também praticamente todo o mercado nas classes B, C e D. No público com renda acima de cinco (5) salários mínimos, somos líderes de audiência, contando com 90% desse mercado, dominando também as demais faixas(...) Com uma linguagem atual e dinâmica, a Vertentes FM está presente em todos os eventos culturais de São João del-Rei e região, e conta com ampla estrutura promocional, equipe qualificada e criativa, para levar o seu produto o mais próximo do seu cliente.” (http://www.vertentes.fm.br/site.php?nome=A%20Radio acesso em 16/09/09 as 12h46). Seu programa jornalístico é o “Informe 97”.

5.2.5 - A terceira FM da cidade é a Rádio Ecológica FM, no ar em 98,7 MHz, desde 1998, “tem por lema a defesa incondicional da família,Patrimônio,Ecologia e meio ambiente” segundo o site da rádio (http://www.ecologicafm.com.br/ acesso em 16/09/09 as 12h49). O “Programa Valdir Gomes” é o jornalístico da emissora.

5.2.6 - A recém criada rádio Sol FM está no ar desde 2008 em 98,7 MHz. Sua apresentação no site afirma que “a rádio Sol FM tem programas direcionados às pessoas de todas as idades e transmite blocos com informações e conhecimentos gerais, atendendo as necessidades da população. É uma emissora voltada ao social, dando total apoio a todos os Projetos Sociais de São João Del Rei e toda Região das Vertentes” (http://www.solfm98.com/empresa.html acesso em 16/09/09 as 12h54). O noticiário da casa é o “Rádio Jornal”.

6. Proposta de pesquisa
Pretende-se pesquisar os documentos existentes em acervos públicos, privados e nas próprias estações, além de fitas e fotos. Também serão realizadas entrevistas com personalidades que conheçam a história de algum dos objetos da pesquisa.
É necessário que se pesquise como foi a trajetória e evolução dessas emissoras e como isso repercute perante a população local. Espera-se que essa pesquisa contribua para se conhecer melhor o trabalho feito por esses veículos que tanto influem na vida da sociedade são-joanense.
É importante lembrar que o rádio é um veículo instalado em São João del-Rei desde 1947. Foi o primeiro contato da população com a comunicação em tempo real. O rádio ainda mantém sua importância, já que mídias mais modernas, como a televisão e principalmente a internet, ainda não estão plenamente consolidadas na região.
Espera-se que os dados publicados contribuam para que pessoas envolvidas no processo radiofônico, ouvintes e radialistas, conheçam a história do rádio regional e, consequentemente, observe os acertos e eventuais falhas, para que a qualidade do trabalho informativo das AM’s e FM’s seja cada vez mais elevada.


7. Referências Bibliográficas
BARBEIRO; Heródoto, LIMA; Paulo Roberto. Manual de Radiojornalismo. Rio de Janeiro. 2001
BOSI; Ecléa. A pesquisa em memória social.USP, São Paulo. 1993
DEL BIANCO; N. Cautela, riscos e incertezas na implantação do rádio digital no Brasil. Rio de Janeiro. 2001.
HAUSSEN; Doris. Rádio brasileiro: uma história de cultura, política e integração. Paulinas, São Paulo. 2004

MARTINO; Luiz. Abordagens e representação do campo comunicacional. in Comunicação, Mídia e Consumo: São Paulo. 2006.

ORTRIWANO; Gisela. A informação no Rádio. Summus, São Paulo. 1985
ORTRIWANO; Gisela. Radiojornalismo no Brasil. Dez estudos regionais. Comarte, São Paulo, 1987
RAMOS; Murilo César. Comunicação, direitos sociais e políticas públicas. In Sociedade da Informação e Novas Mídias: São Bernardo do Campo. 2005.

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