sexta-feira, 18 de maio de 2012


“Tsunami” no cérebro
Doutorando na UFSJ estuda provável causa da enxaqueca
Os tsunamis, ondas gigantes no oceano, causam muitos problemas mundo afora. As ondas podem também ser motivo de problemas no cérebro. Enquanto no litoral as ondas elevam os níveis de água, no cérebro elas reduzem a atividade elétrica, e podem ser uma das causas da enxaqueca. O doutorando Kelisson Tadeu Ribeiro estuda, na UFSJ, o fenômeno neurofisiológico conhecido como “ondas espirais de depressão alastrante”.
Segundo Kellison, “a depressão alastrante acontece quando a bomba de sódio-potássio de algum neurônio se abre por período acima do normal, o que equilibra as concentrações dos íons das substâncias dentro e fora do neurônio”. Normalmente, no espaço extracelular, entre os neurônios, deve haver mais íons de sódio do que de potássio. Dentro da célula, deve ser o contrário, havendo mais íons de potássio. Quando a bomba - uma espécie de “porta” responsável por manter as concentrações corretas - se abre bruscamente, acontece a queda de atividade elétrica no cérebro.
Isso acontece justamente por que são as entradas de íons de sódio e potássio os responsáveis pelas transferências de impulsos elétricos no sistema nervoso. O pesquisador explica que o fenômeno não se limita a um neurônio, disparando uma onda em espiral que provoca a depressão na atividade elétrica em todo o cérebro.  O fenômeno pode durar até várias horas.
A descoberta das Ondas Espirais de depressão alastrante data de 1944, em Harvard, nos Estados Unidos, quando o brasileiro Aristides Pacheco de Azevedo Leão identificou a falha das bombas de sódio-potássio após crises em epilépticos. Como eles reclamam sentir enxaqueca, o cientista relacionou a depressão alastrante com a dor. O trabalho de Kellison visa comprovar as suspeitas de Aristides Leão. E os resultados apontam para confirmar a patologia como uma das causas da enxaqueca, afetando majoritariamente epiléticos.
Os testes para o estudo são realizados em tecidos nervosos de animais. No decorrer da pesquisa, verificou-se que as drogas também interferem no funcionamento da bomba que provoca o fenômeno neurofisiológico. O doutorando alerta que a depressão alastrante é o último estágio antes da morte do neurônio.
Outro produto das pesquisas é um modelo matemático que serve ao estudo da patologia até por outros cientistas da área. Mais uma indicação da necessidade de estudar a Depressão Alastrante é a possibilidade de se aplicar o modelo matemático às ondas espirais encontradas em corações com arritmia e em tecidos da retina.
 Kellison, que se formou em Física em 2007 na UFSJ, se interessou pelo tema e começou a estudá-lo em seu mestrado, concluído em 2010 na mesma instituição. Agora, ele aprofunda as descobertas em seu doutorado. Um dos planos do estudioso é aprofundar os conhecimentos na Alemanha, que é um dos pólos mundiais de pesquisas sobre o tema.

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