“Tsunami”
no cérebro
Doutorando na UFSJ estuda provável causa
da enxaqueca
Os tsunamis, ondas gigantes
no oceano, causam muitos problemas mundo afora. As ondas podem também ser
motivo de problemas no cérebro. Enquanto no litoral as ondas elevam os níveis de
água, no cérebro elas reduzem a atividade elétrica, e podem ser uma das causas
da enxaqueca. O doutorando Kelisson Tadeu Ribeiro estuda, na UFSJ, o fenômeno
neurofisiológico conhecido como “ondas espirais de depressão alastrante”.
Segundo Kellison, “a depressão
alastrante acontece quando a bomba de sódio-potássio de algum neurônio se abre
por período acima do normal, o que equilibra as concentrações dos íons das
substâncias dentro e fora do neurônio”. Normalmente, no espaço extracelular,
entre os neurônios, deve haver mais íons de sódio do que de potássio. Dentro da
célula, deve ser o contrário, havendo mais íons de potássio. Quando a bomba -
uma espécie de “porta” responsável por manter as concentrações corretas - se
abre bruscamente, acontece a queda de atividade elétrica no cérebro.
Isso acontece justamente por
que são as entradas de íons de sódio e potássio os responsáveis pelas
transferências de impulsos elétricos no sistema nervoso. O pesquisador explica
que o fenômeno não se limita a um neurônio, disparando uma onda em espiral que
provoca a depressão na atividade elétrica em todo o cérebro. O fenômeno pode durar até várias horas.
A descoberta das Ondas
Espirais de depressão alastrante data de 1944, em Harvard, nos Estados Unidos,
quando o brasileiro Aristides Pacheco de Azevedo Leão identificou a falha das
bombas de sódio-potássio após crises em epilépticos. Como eles reclamam sentir
enxaqueca, o cientista relacionou a depressão alastrante com a dor. O trabalho
de Kellison visa comprovar as suspeitas de Aristides Leão. E os resultados
apontam para confirmar a patologia como uma das causas da enxaqueca, afetando
majoritariamente epiléticos.
Os testes para o estudo são
realizados em tecidos nervosos de animais. No decorrer da pesquisa,
verificou-se que as drogas também interferem no funcionamento da bomba que
provoca o fenômeno neurofisiológico. O doutorando alerta que a depressão
alastrante é o último estágio antes da morte do neurônio.
Outro produto das pesquisas
é um modelo matemático que serve ao estudo da patologia até por outros
cientistas da área. Mais uma indicação da necessidade de estudar a Depressão
Alastrante é a possibilidade de se aplicar o modelo matemático às ondas
espirais encontradas em corações com arritmia e em tecidos da retina.
Kellison, que se formou em Física em 2007 na
UFSJ, se interessou pelo tema e começou a estudá-lo em seu mestrado, concluído
em 2010 na mesma instituição. Agora, ele aprofunda as descobertas em seu
doutorado. Um dos planos do estudioso é aprofundar os conhecimentos na
Alemanha, que é um dos pólos mundiais de pesquisas sobre o tema.
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